Afonso Vita Lança Livro sobre Desenvolvimento do Turismo Cultural e de Memória em Angola: A Rota de Escravos
O académico angolano Afonso Vita, lançou no último sábado o seu livro intitulado “Desenvolvimento do Turismo Cultural e de Memória em Angola: A Rota de Escravos”. O acto de lançamento decorreu em Portugal, no Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC) afeto à Universidade de Lisboa (UL), pelas 17h30. O acto contou com a participação de académicos portugueses, com proeminência para Paulo Farmhouse Alberto, Vice-reitor da UL; Marta Lourenço, Directora do MUHNAC e Fernanda Cravidão, na qualidade de oradores convidados pelo autor. Segundo o Dr. Vita, “a reconstituição da geografia das rotas de escravos em Angola e a sua transformação em lugares de interesse para turismo através da prática do turismo de memória, vai despertar a sociedade angolana sobre o seu passado histórico multiforme e multidimensional, visto que influenciou e galvanizou a história universal que consequentemente contribuirá para a melhoria das condições de vida das populações locais.” O renomado investigador angolano, dá conta que “este espaço multidimensional de cariz internacional, aproximará e reunirá a diáspora africana no mesmo espaço geográfico através do Festival Internacional bianual de Encontro e Reencontro da Africanidade em Angola, ou simplesmente “The Yalankuwu Festival”, que servirá de plataforma ou mecanismo de atracção e captação de turistas e visitantes para desfrutarem das maravilhas das terras de Nimi A Lukeni, Nzinga Mbandi, Kimpa Vita e Nsaku Né Vunda ou Dom António Manuel “NEGRITA.” Assegurou. Afonso Vita, de nacionalidade angolana, é natural de Mbanza-A-Kongo, doutorado em Geografia Humana aplicada ao Turismo pela Universidade de Coimbra, com a tese “Desenvolvimento do Turismo Cultural e de Memória em Angola – A Rota dos Escravos.” Possui igualmente o Master of Business Administration pela Florida Metropolitan e Gestão de Empresas Turísticas e Hoteleiras pelo Institut Superieur Internationel du Tourisme de Tanger – Reino de Marrocos. Foi funcionário do Hotel Wyndhaw Palace, no Walt Disney World em Orlando, Estados Unidos da América. Em Angola exerceu funções no Ministério da Hotelaria e Turismo como assessor do Ministro, foi Director Nacional das Infraestruturas Hoteleiras e Director Nacional da Hotelaria e Similares. Após a alteração da designação para Ministério do Turismo, foi Director Nacional da Qualificação de Infraestruturas e Produtos Turísticos. Actualmente é Director do Instituto do Fomento Turístico (INFOTUR), órgão tutelado pelo Ministério da Cultura e Turismo. Numa entrevista à agência de notícias portuguesa Lusa, Afonso Vita assegurou: “Portugal criou, inventou a escravatura moderna e liderou por mais de 100 anos este processo. Quer dizer, se nós tivermos que procurar um responsável o número um é Portugal, mas o nosso objectivo já não é dizer quem foi o culpado, quem começou. O que queremos é que o mundo reconheça que cometeu esse crime e a partir daí não se voltar um dia a fazer a mesma coisa”, disse o investigador angolano. Na mesma entrevista, Vita reconhece que há formas de reparar os danos originados no passado, mas no seu entender, “o reconhecimento e a valorização dessa história é já um passo muito importante em vias de respeitar os africanos que foram forçosamente levados para outros destinos”. Concluiu o académico. Com cerca de 600 páginas e uma abordagem clara e enriquecedora, a obra revela-se actuante, constituindo, portanto, um valioso contributo para a Africanidade, significando um incremento fundamental quer do ponto de vista qualitativo quer quantitativo na produção científica de Angola. Assim, constitui igualmente um importante contributo na cultura e no turismo angolano.